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Foto do escritorRepórterVoluntário

Daejeon é uma cidade com cerca de 1,5 milhão de habitantes, sendo a quinta maior cidade da Coreia do Sul. Situada a 50 minutos (de KTX – comboio rápido) de Seoul, a cidade é considerada a plataforma central de transportes, contando com a sede da operadora nacional de serviços ferroviários, Korail. Considerada Silicon Valley da Coreia do Sul, Daejeon conta com inúmeros centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico e científica.


Uma cidade que pode muitas vezes passar despercebida aos interessados na Coreia do Sul, é, no entanto, uma caixa de surpresas a quem se predispõem a descobri-la.

Por isso aqui ficam as sugestões de alguém que se apaixonou por esta cidade.


O que fazer:


Para os amantes da natureza, Daejeon é a cidade perfeita. Rodeada por montanhas e com vários parques e um riacho para desfrutar. O riacho Yudeung, que atravessa quase toda a cidade, conta com passeios pedonais e ciclovias de ambos os lados. Numa extremidade fica o lago/barragem Daecheong, e na outra extremidade o Parque Ppuri. O passeio pode ser ainda estendido ao Expo Park e às universidades Chungnam e KAIST.


O Hanbat Arboratoreum é um dos maiores parques da cidade. Conta com um jardim enorme, mais museus da natureza, galerias de arte, sendo adjacente ao Expo Park e outros museus. Neste parque é possível patinar, andar de bicicleta, assistir a exibições e feiras, que são realizadas regularmente.


Hanbat Arboratoreum no Outono



O parque Yurim é mais pequeno e maioritariamente conhecido pelos festivais de flores e luzes. O parque situa-se perto do Yuseong Spa, uma fonte de água termal ao ar livre, onde os habitantes costuma “colocar os pés de molho”.


Yurim Park



Do outro lado da cidade existe o Daedong Haneul Park, ou Parque do Céu em português. Para lá chegar é preciso subir uma pequena colina onde os murais das casas foram decorados com pinturas temáticas. É um bom sítio para fotos do Instagram, e a vista noturna da cidade é impagável.


Vista nocturna a partir do Haneul Park



Por último, o Pppuri parque é o maior parque em Daejeon. Nele existe uma escultura com a origem de 224 apelidos coreanos.

Para os amantes de cenários mais naturais, o melhor mesmo é explorar as montanhas que rodeiam Daejeon.


Gyeryong Mountai é uma das mais altas, cujo cume ascende aos 775 metros. As 4 estações são bem distintas nesta montanha, que inclui tempos e várias áreas de lazer. A montanha é considerada mística, associada ao shamanismo e à cultura coreana.


Gyeryong Mountain



A montanha Jangtae atrai visitantes pelo grande número de metasequoias, que proporcionam um cenário diferente das outras montanhas. Nela é possível subir ao Sky walk, um trilho criado sobre a floresta, que oferece uma perspetiva diferente.

A montanha Gyejok é conhecida pelo percurso de 15km em barro vermelho. Os visitantes podem subir a montanha normalmente ou retirar os sapatos e subir descalços pelo percurso criado com barro.


Caminho em barro, na montanha Gyejok.



Existem ainda outros parques e montanhas mais pequenos que podem e devem ser visitados para uma tarde de lazer ou para evitar o calor dos dias de verão.

Daejeon, como qualquer outra cidade da Coreia tem vários pontos de interesse. A área de Dunsan é equivalente a Gangnam em Seoul. Nesta área encontram-se os restaurantes mais conhecidos, bares e discotecas, bem como centros comerciais e lojas de produtos de luxo. Para quem procura uma zona com várias opções, mas mais calma e direcionada a jovens, a área próxima da Universidade Nacional Chungnam oferece uma vasta gama de restaurantes e entretenimento. Se o objetivo é procurar algo mais local, a melhor opção é Jungangno, a zona adjacente à estação de comboios, onde estão situados mercados tradicionais, Daejeon Sky Road, e vários centros comerciais. A área oferece uma vasta opção de restauração, compras e entretenimento.


Para além das referidas áreas, há ainda o Expo Park, construído aquando da Expo 1993. Nas redondezas inclui museus de ciência, institutos de investigação, entre outras instituições de interesse (Daejeon é o centro de investigação tecnológica e científica, alocando várias instituições de R&D). O Observatório de Daejeon fica na mesma área, e permite vislumbrar os céus à noite.


Expo Park visto do Hanbat Arboratoreum



Há ainda a tour histórica que consiste em várias casas tradicionais (Bongsoru Pavilion, Yuhoedang House, Songaedang House, Dongchundang House), associadas a períodos históricos, bem como museus culturais (museu municipal, museu da cultura, museu da educação, museu da pré-história), templos (Donghaksa, Sungjeolsa Shrine, e academias (Academias de Confúcio).

O que provar:


Daejeon tem dois pratos tradicionais, Tofu Duruchigi e Kalguksu. O primeiro consiste em tofu salteado com molho picante, legumes e carne (opcional), e o segundo é um prato confecionado com massa feita e cortada à mão.


Tofu Duruchigi



Polvo com legumes e Kalguksu (à direita)



Para além destes dois pratos deixo algumas recomendações de locais a visitar para quem é um bom garfo.


Sungsimdang é uma cadeia exclusiva de Daejeon que, para além de produtos exclusivos, inclui os melhores folhados, pastelaria e pão. Recentemente adicionaram ao menu o pastel de nata, que apesar de não ser muito mau, é um pouco diferente do nosso. (Para bons pastéis de nata, recomendo Nata o Bica, uma cadeia criada em Seoul, cujo chefe estudou a receita em Portugal).



Daejeon dispõem ainda de vários buffets (all you can eat), onde os visitantes podem desfrutar de churrasco coreano (Phantom Pan Pig), Tteokkbeoki (Dukki), Hot pot and sushi (La Rico), marisco e aladas (VIPS), Tonkatsu (Yussengcheon).


Opções não faltam, o importante é apetite!




Artigo e Fotografias por: Andreia Carvalho

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Foto do escritorRepórterVoluntário

Viajar é para muitos um desafio. Por vezes por falta de tempo, outras vezes falta de oportunidade, mas frequentemente o maior impedimento é mesmo o financeiro. Quer queiramos ou não, viajar requer algum planeamento financeiro, e muitas vezes somos obrigados a escolher entre certos locais para evitar custos extra com transportes. Mesmo estando na Coreia do Sul há um ano, ainda não tive oportunidade de visitar muitos dos sítios que tenho em mente. Mas descobri como fazê-lo sem eliminar locais da lista e sem gastar uma fortuna.

A Korail (Korea Railroad Corporation) é a operadora nacional de serviços ferroviários da Coreia do Sul. É a detentora do KTX (o comboio mais rápido), ITX, Mugunghwa e Nuriro (comboios regionais), bem como algumas linhas urbanas. Como forma de atrair mais viajantes, para além de descontos variados, a empresa criou alguns passes de viagem, incluindo o Naeillo (내일로).


Bilhete Naeillo e ofertas – copo térmico



O Naeillo é um título de viagem criado a pensar nos estudantes, dando a oportunidade de viajar a baixo custo durante os períodos das férias de inverno (de dezembro a fevereiro) e verão (de junho a agosto). Para viajantes e estrangeiros, a compra pode ser feita nos Travel Guide Centers nas estações ferroviárias.


Existem 3 opções disponíveis:


3 dias, com o preço individual de 50.000 won, ou 90.000 para duas pessoas;

5 dias, 60.000 won, ou 110.000 para dois bilhetes;

7 dias, com o custo individual de 70.000 won ou 130.000 para bilhete duplo.


O limite de idade foi este ano alterado de 27 para 34 anos, permitindo que mais estudantes e viajantes desfrutem dos descontos. O passe permite viajar em qualquer comboio gratuitamente com exceção do KTX, cujo passe oferece um desconto de 60% na compra do bilhete.


Interior do ITX Semaeul



Ao adquirir este bilhete, dependendo da estação onde o mesmo é comprado, há um pack oferta à espera. Para além de alguns folhetos informativos e acessórios de viagem (escova e pasta de dentes), há ainda ofertas como copos térmicos, ventoinhas, carregadores portáteis, cremes, entre outros. As ofertas estão também especificadas no website.

Além disso, a criação do Naeillo visa também impulsionar o comércio e turismo locais. Em várias cidades da Coreia é assim possível obter descontos em estadia e entradas em museus e pontos turísticos apresentando o título de viagem.


Estando a estudar na Coreia do Sul, quando as férias de inverno começaram planeei viajar por todo país com este passe. Contudo, dois dias depois de adquirir o bilhete, o surto de Covid-19 começou, e as viagens foram condicionadas. Consegui visitar o sudoeste do país, área onde o número de infetados era mínimo ou inexistente na altura.


Apesar de todos os cuidados necessários (máscara e muito desinfetante) e condicionamentos (museus fechados, acesso interdito a certos locais) foi possível visitar cidades como Jeonju, Gwangju, Suncheon, Yeosu, Namwon e Daejeon. O plano original foi reduzido em tempo e locais a visitar, ficando a lista em espera para a próxima temporada.


Infelizmente, devido ao Covid-19, a emissão destes títulos de viagem encontra-se suspensa até que a situação estabilize. As informações sobre datas, pontos de venda, ofertas, descontos locais e outros pontos está disponível no website da KORAIL (http://www.letskorail.com/).


A todos os interessados em conhecer mais sobre a Coreia do Sul e visitar mais do que Seoul e Busan, este título permite viajar de forma confortável e acessível por todo o país. É uma ótima oportunidade para conhecer outras cidades mais pequenas mas importantes para a história, provar petiscos locais e aprender mais sobre a cultura do país.



Recomendações dos locais visitados:


Jeonju


Experimentar: Bibimbap e PNB chocopies

Visitar: Jeonju Hanok Village – inclui Gyeonggijeon Shrine, Jeondong Catholic Church, Jeonju Hyanggyo Confucian School, Omokdae e museus existentes na área. Pungnam Gate e Nambu Market (mercado nocturno para petiscos regionais). Jaman Mural Village para fotos do integram.


O afamado Bibimbap de Jeonju



Gwangju:


Experimentar: Kimbap tradicional local

Visitar: May 18th National Cemetery, Cheonnam National University


Cemitério Nacional 18 de Maio



Suncheon:


Experimentar: Gukbap, petiscos no mercado local, makgeolli (vinho de arroz), Youth Store (food market), Breworks

Visitar: Naganeupseong Folk Village, Suncheon Open Film Set, International Garden Expo


Naganeupseong Folk Village



Suncheon Open Film Set



Yeosu:


Experimentar: Baguete burger, gelado de artemísia

Visitar: atravessar de teleférico para a ilha (de noite ou de dia), Parque Expo


Vista noturna da zona costeira



Namwon:


Visitar: Kwanghan Pavillion, museus locais, Yechon Hanok Villageosteira


Kwanghan Pavillion



Yechon Hanok Village



Daejeon:


Experimentar: Dubu duruchigi, Kalguksu, SungSimDang (cadeia de padaria e pastelaria exclusiva de Daejeon)

Visitar: Expo Park, incluindo os museus nas proximidades (arte, ecologia, ciência); Yuseong Spa; Gyeryong Mountain (para quem gostar de desporto ao ar livre), Gyejok Mountain Red Clay Trail (as pessoas sobem descalças à montanha por um caminho de barro)


Daejeon Expo Park



Artigo e Fotografias por: Andreia Carvalho


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Foto do escritorRepórterVoluntário

2020 está a ser marcado por uma série de acontecimentos nunca antes vivenciados. O mundo continua a girar, mas nem todos os países lidaram com a situação da mesma forma.

A pandemia, que teve início na China, causa ainda imensas vítimas diariamente. Mas, como está a Coreia do Sul a lidar com a situação? O que foi feito para impedir que o vírus dispersasse por todo o país?


A viver na Coreia desde o ano passado, como estudante, fui uma dos muitos alunos que decidiu não voltar a casa aquando da explosão de casos de covid-19. Muitos alunos acharam mais seguro regressar e autorizações especiais foram concedidas aos alunos bolseiros. Mas tal como eu, muitos consideraram mais seguro ficar.


Desinfeção de mercado, em Daegu

Desinfeção de mercado, em Daegu



O pico começou pouco depois do início das férias de inverno. As viagens e planos tiveram de ser alterados, não porque o país foi “confinado”, mas porque a consciência falou mais alto. O governo não decretou o confinamento obrigatório por causa da pandemia. As escolas, museus, bibliotecas e locais de interesse público foram fechados. Mas tudo o resto funcionou com a devida normalidade.


Museu encerrado após início da pandemia, em Namwon



A Coreia adotou o método TRUST (confiança, em português), cujas iniciais em inglês significam transparência, responsabilidade, ações conjuntas, ciência e rapidez, e juntos em solidariedade.


O método funcionou da seguinte forma:


- Assim que os primeiros casos surgiram, o rastreio rigoroso dos contactos dos pacientes e suspeitos, permitiu uma rápida ação e evitou uma maior propagação do vírus. Para além disso o governo enviou, e envia, mensagens atempadamente informando onde os pacientes estiveram, de forma que pessoas que estiveram no mesmo local se sujeitem a testes e evitem a propagação. Estas duas medidas fazem parte da transparência.


- Com responsabilidade, o governo não obrigou ao confinamento, mas confiou que as pessoas seriam responsáveis para cumprir o distanciamento social e as medidas sanitárias. Além disso, o governo distribuiu subsídios de apoio e permitiu testes gratuitos a casos suspeitos.


- As ações conjuntas referem-se ao trabalho desenvolvido pelo governo, instituições de investigação e empresas que permitiram um desenvolvimento mais rápido de kits de teste.

- E, como país inovador, a ciência avançada permitiu uma resposta rápida. Os testes em massa, com resultados rápidos, foram uma das várias medidas aplaudidas internacionalmente.


- Por fim, a Coreia do Sul não só lidou bem com a situação, como se ofereceu para ajudar outros países que mais tarde foram afetados pelo vírus.



O governo, que quis evitar o mesmo erro de 2015 com o MERS, tendo sido mais rápido e bem-sucedido nas suas medidas. A atitude do povo coreano foi também importante nesta luta. Sem pensar no “próprio umbigo”, e com noção das consequências económicas da pandemia, os coreanos adotaram rapidamente o distanciamento social, o que permitiu um controlo mais rápido. Deste modo, segundo os dados da OCDE, a Coreia do Sul será o país menos afetado economicamente pelo Covid-19.


Além disso, o governo responsabilizou-se por todos os estrangeiros que legal ou ilegalmente se encontravam no território. O inicial rácio de máscaras foi apenas criado para os coreanos, mas rapidamente foi expandido aos estrangeiros, para além de máscaras de algodão com filtros, oferecidas pelo governo nas ruas de Seoul. O uso generalizado de máscaras foi aconselhado, e apesar de inicialmente os números de máscaras disponíveis ter diminuído, os stocks foram rapidamente repostos e o rácio de vendas foi estabelecido.


Medidas preventivas foram ainda criadas para os viajantes. Todos os que chegam de viagem devem fazer quarentena obrigatória num edifício definido pelo governo ou em casa/dormitório. Os estrangeiros com visto de residente, para além de precisarem de autorização para entrar de novo na Coreia (antes de partir), devem agora entregar um documento médico onde esteja escrito que o viajante não tem nenhum dos sintomas associados ao vírus (documento deve ser passado até 48h antes do voo de regresso). Estas medidas foram alteradas a 1 de junho, antes de a segunda vaga começar.


Negócios a funcionar normalmente, mas ruas vazias, em Yeosu.



Apesar de ter ficado um pouco assustada com o a situação inicial, ter ficado na Coreia do Sul foi a melhor opção. Para além de a situação ter sido bem resolvida pelo governo, a atitude da população surpreendeu-me bastante. Claro que existem exceções, mas ver um povo unido a esforçar-se para que a pandemia não dure tanto como noutros países é algo raro. Claro que não é tudo um mar de rosas, a segunda vaga está a acontecer agora, mas ações estão a ser tomadas e a vida corre com relativa normalidade. As aulas são lecionadas online, museus e bibliotecas continuam encerrados, mas tudo o resto funciona normalmente com alguns cuidados.


Viver na Coreia do Sul nesta fase de pandemia foi uma descoberta dos valores deste país, e fortaleceu ainda mais o respeito e interesse que tenho por esta nação.



Artigo e Fotografias por: Andreia Carvalho

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