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Patrícia

Começo por escrever este artigo a dizer que tudo foi a título de curiosidade. Chegámos a Dezembro de 2020 e ainda vivemos tempos de pandemia. Para ajudar a passar o tempo e a distrair um pouco a mente da realidade, decidi que talvez fosse a altura ideal para apanhar o fio á meada no que toca a dramas coreanos. Tanto é o drama que quero acabar e ver ao mesmo tempo que dou por mim perdida, sem conseguir decidir, afinal qual é que quero ver. De momento estou a acabar três e a querer começar um novo. Ainda hoje aparecem coisas novas e interessantes que se aprendem nestas narrativas noutra língua e fiquei curiosa acerca de outros fãs de cultura coreana como eu. Decidi então fazer um questionário sobre esse tema, que foi disponibilizado nos grupos KPOP PT e Kpop Forever Portugal na plataforma Facebook.


Foram então recolhidas 90 respostas, cujas idades variam entre os 14 e os 50 anos.



Dei por mim a dizer que já via este tipo de dramas há muito tempo, se bem me lembro, desde 2009. E 50% dos participantes do inquérito diz que vê há mais de 5 anos. Apenas 1% dos inquiridos não se lembra há quanto tempo os vê. E qual não foi o melhor drama para começar esta saga que não os Boys Over Flowers? Foi o primeiro drama coreano de muitos fãs! O típico romance colegial… ai juventude! Podemos concluir que foi o drama mais visualizado na altura, que nos marcou mais e nos abriu o caminho para a cultura coreana.


Mas o que tem um drama coreano de tão especial? O que é que nos cativa, que nos faz querer viver a história e saber como vai acabar? Claro, a grande diferença entre o ocidente e o oriente. A maneira como abordam diversos assuntos, a construção da personagem e da história onde aparecem ideias originais e uma pepita do tão já conhecido ‘destino’. A cultura, história e gastronomia demonstradas, como comem, como recebem as pessoas, como falam, a etiqueta, a hierarquia, o actor ou actriz favorita, a roupa tradicional. A banda sonora conhecida como ‘ost’ é, também, uma grande mais valia do drama que se revela por vezes, grandes peças de arte musical. Cada episódio tem quarenta e cinco minutos a uma hora de visualização, constituído por momentos para rir e para chorar e sabemos que dali a 15 ou 19 episódios que vamos ter um fim a estas histórias fictícias que nos vão marcar por tudo e por nada. 70% dos inquiridos estão neste momento a acompanhar um drama coreano e a viver todas estas emoções. Para meu espanto, costumam ver acompanhados. Com família ou com amigos, duas ruas ao lado. ”Já viste o episódio 09? Tens que ver!”. Metade deles repete o drama se for preciso, e se são duas da manhã… Aguenta!


Drama favorito? Não consigo escolher. Mas há quem consiga! Escolheram o histórico ‘Moon Lovers’ de 2016 como um grande adorado mas podem ir desde os mais antigos como um simples ‘Coffee Prince’ de 2007, a um ‘Descendents of the Sun’ de 2016 que aborda a vida militar, e um ‘It’s Ok to Not Be Ok’ de 2020 onde se abordam a saúde e doenças mentais.





Torna-se viciante ver dramas, um atrás do outro, e na volta, começamos a reconhecer palavras e frases e mesmo ao fim de alguns anos, somos capaz de entender conversas inteiras. 90% dos inquiridos sentem-se assim, porém, só 55% se dedicou ou se dedica ao estudo da língua e é mais ou menos a mesma percentagem, aqueles que usam dramas para o estudo da mesma. Em tempos preferi música para estudar a língua, mas hoje em dia acho que dramas são mais acessíveis e fáceis para o mesmo fim. Parece que o sentimento é geral entre os fãs.


“Que tipo de dramas gostas mais?”. Eu, pessoalmente gosto de tudo menos suspense e terror. Apesar de ser o que não aprecio muito, reconheço que a Coreia tem filmes e dramas coreanos de terror e suspense muito bons mesmo. Porém, vou deixar aqui a ordem de preferência dos inquiridos:


-Romance

-Histórico/Cultural

-Outros

-Espionagem/Guerra

-Todos

-Terror


Antigamente, eu nunca tinha ninguém com quem partilhar o feedback dos dramas. Hoje em dia, 60% dos inquiridos têm um colega no trabalho ou na escola que também vê um enredo coreano. Aquela pausa no trabalho ou intervalo da escola para fazer o update na discussão sobre o que o ‘bias’ fez na história e o que fariam na vida real. Um excelente momento de descontracção.


A grande maioria dos fãs, ainda vê dramas coreanos online, e em outras plataformas e aplicações como a Netflix, no entanto também já existe a KBS World nas operadoras portuguesas. Eu prefiro ver dramas que já estejam completos, mas há fãs corajosas que gostam de ver os episódios conforme vão saindo, normalmente, um episódio por semana. Coragem.





Infelizmente, cerca de 90% dos inquiridos nunca foi a um evento de cinema coreano realizado pela Embaixada da República da Coreia. Mas nada temam! Entre dia 7 e dia 23 de Janeiro de 2021, têm a oportunidade de participar no ciclo “Clássicos do Cinema Coreano” na Cinemateca para comemorar o 60º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a República da Coreia e Portugal (para mais informações dirijam-se à página da embaixada e a www.cinemateca.pt). Às vezes não me posso dedicar a um drama inteiro e escolho um filme, rápido e conciso. Há sempre algo a aprender não é verdade? Escolham um filme e se conseguirem reunir as condições de segurança necessárias, estejam presentes. Garanto-vos que não se vão arrepender! Vemo-nos lá!


Concluindo, os dramas coreanos continuam a ser um meio importante de promoção da cultura coreana, pois quem os vê, não presta só atenção aos actores, mas a tudo acerca da outra cultura também. Desde o prato que está a ser servido, ao sotaque que está a ser pronunciado, ao assunto que estão a ter à mesa, seja em que dinastia for e até, aos mais recentes que abordam a guerra das Coreias e os que demonstram a evolução da tecnologia, entre outros. Quanto mais informação absorver, mais conhecimento sobre a cultura vai ter e mais à vontade vai haver com pessoas dessa nacionalidade. É uma comunidade em crescimento em Portugal e a globalização é uma constante nos dias de hoje. Pergunto-me se há coreanos neste momento a ver telenovelas portuguesas? Não era engraçado descobrir?


Mas chego ao fim, e acabo hoje por aqui, agradecendo a todos os participantes do questionário e a todos os que têm curiosidade em ler este artigo. Para além de me terem respondido a algumas dúvidas e curiosidades, foi muito engraçado ler as respostas e maneiras de pensar de outros fãs e ver a dedicação em descrever as suas opiniões. Espero que tenha convencido alguém a ver um drama pela primeira vez.


Difícil não é começar, difícil é acabar! É ou não é verdade??



(Todas as Imagens utilizadas para foram retiradas do Google Imagens)


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Foto do escritorIsabel As Well

É impossível referir "Outono" sem pensar, com carinho, em todos os momentos que tanto caracterizam esta estação, em parte amada por todos. A descida das temperaturas e a mudança das folhas não nos impedem de aproveitar o conforto que esta estação, presa entre o sol de verão e o frio invernal, tanto nos parece mostrar. Dessa forma, são inúmeros os países que selecionaram formas únicas de celebrar a passagem do outono, desde os primórdios históricos, que pretendiam ser um símbolo de abundância, renovação e gratidão.


Em Portugal, país com notórias raízes romano-católicas, assinala-se esta época com a celebração de São Martinho, onde o país celebra as suas tradições e costumes com magustos, castanhas assadas e degustação do novo vinho.


Porém, estas tradições milenares que honram a passagem das estações, não existem apenas na Europa. Entre o famoso "Thanksgiving" nos Estados Unidos ou o "Dia de los Muertos" no México observamos formas únicas de honrar os nossos antepassados e honrarmos o presente.


Na Ásia, e especificamente na península coreana, estas tradições não são exceção. O Chuseok, festival regido pelo calendário lunar, assinala anualmente a época das colheitas, numa data que coincide com o Equinócio de Outono. Apesar das raízes da celebração não serem claras, os primeiros registos datam de há centenas de anos, com esta época a ser continuamente assinalada pelos coreanos, com a visita a familiares em cidades do interior, com comida tradicional e visita a locais de enterro de antepassados.




Kim Min Kyu está de férias, por causa do Chuseok. O jovem coreano, que como muitos outros, usa o Chuseok como forma de descansar do stress da universidade e de se encontrar com família que de outra forma nunca veria, comenta "Esta é a única altura em que posso visitar a minha família alargada e encontrar-me com avós, primos... Eles vivem todos longe mas o Chuseok dá-nos uma forma de apreciarmos momentos e comida deliciosa juntos".


Min Kyu faz parte de uma nova geração que, admite o próprio, nem sempre dá a importância devida a tradições. "Enquanto a minha avó estava viva eu passava momentos maravilhosos com ela. Tenho imensas memórias de ser criança e de tentar roubar a comida que ela estava a preparar para o Chuseok. Acabava sempre com a língua queimada, pela comida acabada de fazer, e a minha mãe ficava muito zangada porque a comida era para a mesa das orações (em honra dos antepassados)”. O jovem sorri enquanto me assegura que são memórias que guarda com muito carinho. No futuro, espera também ele passar estas tradições para os seus filhos.


Todos os anos os comboios coreanos enchem-se durante este período, com milhares de pessoas a viajar pelo país para se encontrarem com família ou para visitarem locais de enterro de antepassados. Este ano, com o surto de COVID 19, as regras foram alteradas, com um controlo restrito a garantir apenas metade da ocupação normal dos comboios, com uma pessoa por cada 2 lugares.


Min Kyu, que também ele testemunhou em primeira mão essas alterações, faz notar que "muitas famílias este ano preferiram celebrar o Chuseok à distância, com uso a videochamadas". Uma das componentes essenciais da época, que visa juntar as gerações mais velhas e novas da família, apresenta um perigo especial para a população envelhecida.


O jovem sul-coreano fala-nos também do lado mais caricato da época, onde como em qualquer outra celebração familiar, se falam dos tios e tias a interrogar impiedosamente os jovens com questões como "Para que universidade vais?" ou "Quando te casas?". Ao lembrar-se deste tipo de questões sorri, parecendo assegurar que não as leva tão a peito como seria de esperar. "No final de contas, mesmo com o stress e pressão, o Chuseok é uma ocasião para celebrar a família, e não o trocava por nada".


Em Portugal não existe um Chuseok. Aliás, agora que os ventos invernosos e a chuva e o frio fazem parte do dia-a-dia no país, a única celebração que se avizinha, curiosa e expectante, é o Natal.





O Natal, coincidente com o Solstício de Inverno, tem uma importância decididamente vincada na Europa, tanto por razões culturais como religiosas. É um marco no ano, aquele dia para o qual tudo se prepara com antecedência, e para o qual existia um medo coletivo que o vírus fosse arruinar.


Porém, na Coreia do Sul, onde apenas uma pequena parte da população é cristã, esta celebração não tem o mesmo impacto que em tantos outros países ocidentais.


Lee Jinwoo tem 25 anos e saiu agora da Universidade. Enquanto jovem coreano que tem uma namorada fala-nos do papel do Natal neste país, onde quase se assemelha a um Dia dos Namorados.


“Normalmente no dia 25 saio com a minha namorada e vamos a um café ou até ao cinema. Às vezes trocamos presentes ou postais mas o importante é estarmos juntos. Nunca foi de todo uma celebração familiar para mim e quando estava solteiro o Natal era um dia igual aos outros”.


Muitos jovens coreanos se revêm nas palavras de Lee Jinwoo. Apesar das ruas de Seul ficarem iluminadas com luzes de Natal, se verem árvores brilhantes, superfícies refletidas em verde e vermelho, e se ouvirem cânticos de Natal, a verdade é que esta época é quase exclusivamente para casais mais jovens.


Em países com tradições e culturas tão díspares não é possível deixar de notar que, mesmo em épocas diferentes, ambos celebram a família, os amigos, a mudança das estações e, muitas vezes, a religião. Em locais tão opostos são, muitas vezes, estas celebrações que nos aproximam e nos ajudam a manter o contacto, com ou sem pandemia.



Artigo escrito por: Ana Isabel (Isabel as Well)


(As Imagens de ilustração a este artigo foram retiradas do: freepik, pixabay e google imagens.)

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Foto do escritorRepórterVoluntário

Atualizado: 27 de fev. de 2021




O filme americano sobre o milagre de Fátima chegou às salas de cinema da Coreia do Sul, no passado dia 3 de dezembro. A ser exibido nas salas de cinema CGV, e apesar das restrições impostas pela pandemia, o filme tem recebido críticas positivas no país.


Baseado na história portguesa, o filme descreve os acontecimentos de 1917, quando os três pastorinhos (Lúcia, Jacinta e Francisco) presenciaram as primeiras aparições da imagem de Nossa Senhora de Fátima. O filme aborda os acontecimentos desde as primeiras aparições até posteriores declarações feias pela Irmã Lúcia.


Várias críticas positivas têm sido escritas, mas outros críticos apontam o caracter religioso do filme e a escolha da atriz para o papel de Nossa Senhora, como factores que podem desagradar aos espectadores.





Apesar do sucesso do filme e da história no ocidente, o filme revelou-se também popular na Coreia do Sul. Sucesso que se deve ao número de católicos no país. Segundo estatísticas de 2018, apenas 46,6% da população assume ter religião, dos quais 11.1% dizem ser católicos.


Fátima, que nos últimos anos registava um aumento anual significativo de visitantes e peregrinos coreanos, era um dos vários locais incluídos nos pacotes de viagens criados com o voo directo Seoul-Lisboa, entretanto cancelado. Além disso, em 2019, aquando das celebrações do aniversário da aparição de 13 de outubro, a cerimónia realizada no santuário de Fátima foi presidida pelo cardeal coreano D. Andrew Yeom Soo-jung, que pediu aos fiéis que rezassem pela paz na Península Coreana.


A estreia do filme na Coreia do Sul coincidiu com o aumento de casos diários de covid-19, na considerada terceira vaga da pandemia. Alguns bloggers escreveram nas suas reviews que, apesar das restrições nas salas de cinema, a “necessidade de um milagre nos tempos de pandemia levou muitos coreanos às salas de cinema”.


“Senti-me confortado e comovido, principalmente nestes tempos de pandemia”, “mesmo sendo um filme mais religioso, leva-nos a pensar no significado da paz”, “ver este filme depois de visitar Fátima tem mais significado. O filme foi gravado de forma muito realista. Emocionou-me muito”, são alguns dos comentários de internautas coreanos que podem ser lidos online.


No Naver, motor de busca mais usado na Coreia, o filme surge com uma classificação de 9,27/10, com vários comentários positivos sobre o filme. Com as seguinte estatísticas: a maior parte dos espectadores sendo mulheres; e a faixa etária mais frequente é a dos 50.





Na plataforma de reserva de bilhetes yes24, a classificação sobe para 10, mas aponta que a maioria das reservas são do sexo masculino e a faixa etária mais frequente é a dos 40. A média diária de espectadores é de 141 pessoas, contando com um total de 15,764 visualizações até à data. Este número pode vir a aumentar, visto que o filme está ainda em exibição em algumas salas do país.





As actuais restrições limitam o horário de exibição até às 20h, e a capacidade das salas foi reduzida pare 1/3, assegurando distancia de segurança entre lugares e filas. Factores que têm vindo a influenciar o sucesso deste e outros filmes lançados este ano.



Artigo escrito por: Andreia Carvalho

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