top of page
  • aroundskorea

O primeiro artigo focou-se em Dokdo, mas com o objectivo de chamar à atenção e dar a conhecer a situação política e diplomática associada à ilha. Nesta última parte serão apresentados mais detalhes sobre a ilha.



Sobre a ilha:

Dokdo é constituída por 2 ilhas principais e 35 pequenas ilhas reconhecidas como permanentes, visto existirem cerca de 90 outras ilhotas nas proximidades da ilha. A área total é de 187,554 metros quadrados. As principais são bastante altas, com a altitude máxima na Ilha Oeste, a 168.5 metros acima do nível do mar. E, tal como Ulleungdo, estas ilhas foram formadas através de erupções vulcânicas, há cerca 4,5 milhões de anos.


Devido à sua natureza, Dokdo não tem muitas espécies vegetais, mas regista mais de 107 espécies de aves e 93 espécies de insectos. Devido ao clima húmido, água abunda na ilha, mas foi necessário criar sistemas de dessalinização para tornar a água própria para consumo humano.


Apesar de o Japão contestar, a Coreia criou um canal onde é possível ver Dokdo em directo, estando a transmissão limitada à Ilha Oeste. Sem esquecer as 8 horas de diferença, também podem dar uma espreitadela a Dokdo. (Sim, durante a noite aqui só vão ouvir o som das ondas e ver uma luzinha)


Até recentemente, a ilha era habitada por um casal (Kim Sung-do and Kim Shin-yeol) desde 1991. Mas o marido faleceu em 2018, sendo que Kim Shin-yeol é a única habitante permanente das ilhas. Para além de Kim, nas ilhas vivem também os guardas costeiros e gerentes do farol, em sistema de rotatividade.



Sobre a visita:

Para chegar a Dokdo, há apenas uma forma, de barco e a partir de Ulleungdo. Mesmo para os japoneses, esta é a única forma de aceder à ilha. Os bilhetes podem ser reservados online ou adquiridos nos portos de Ulleungdo. Recomenda-se a reserva antecipada! O preço normal da viagem (ida e volta) é de 56.500 won (aproximadamente 41euros)


A viagem de aproximadamente 2 horas e 30 minutos termina quando o barco aporta na ilha Dongdo (Ilha Este). Assim que os visitantes saem do barco, são contabilizados 15 a 20 minutos até o barco dar o sinal que é hora de voltar. E sucedem-se mais 2 horas e 30 minutos de viagem até Ulleungdo. Os tempos referidos, tal como aconteceu na primeira viagem, podem ser estendidos de acordo com o estado do mar ou tempo. E em condições desfavoráveis, as viagens podem também ser interrompidas.


(galeria de fotos, cliquem na setinha :D)


Depois de todas as fotos de grupo da actividade, tive que fugir para conseguir tirar fotos e gravar alguns vídeos para a publicação e o artigo já publicado. Infelizmente o tempo não permite muito. E a quantidade de pessoas a tirar fotos também não.


Para quem não me conhece, sou a pessoa que tem um lacinho com a bandeira coreana, comprado no porto em Ulleungdo. A organização personalizou as tshirts e as máscaras! Na primeira foto são os membros da minha equipa, e na segunda foto todos os participantes.


Esta viagem foi organizada pelo governo de Gyeongsanbuk-do em parceria com o Naeil News, Dokdo Foundation e NIIED (os responsáveis pelas bolsas de estudo KGSP). Antes da viagem todos nós fomos testados, para evitar a propagação do vírus. Apesar do recente aumento dos casos e de terem elevado o nível de distanciamento social ao máximo, as normas foram sempre cumpridas.


Aquando da visita a Dokdo podem pedir a criação de um cartão de residente honorário do ilha! E será como este:




Existem planos para a construção de um cable car na ilha, para que os visitantes possam subir ao ponto mais alto da Ilha Oeste. Onde se encontra a câmara da transmissão em direto, e de onde se poderá ver o local onde os residentes vivem. Até lá, e até a situação do covid-19 melhorar, as visitas estão condicionadas ao "pátio" onde o barco aporta.


Deixo-vos os vídeos que consegui gravar (sim, com as minhas skills amadoras).






Sim, é o som do ferry a avisar que está na hora de ir embora.



Um último vislumbre da Ilha Oeste. O tempo estava fantástico, o mar tão azul. Não precisei de filtros em nenhuma das imagens :D



Espero que tenham gostado. E que vos tenha despertado o interesse a saber mais sobre Dokdo e a estudar a sua história. Existem mais provas históricas da parte coreana do que da parte japonesa, mas o conflito é algo atual que tem prejudicado as relações diplomáticas entre os dois países.


Eu defendo que Dokdo é parte integrante da Coreia do Sul! E este foi o meu contributo na luta da Coreia pelo seu território.



Artigo de: Andreia Carvalho

Fotografias e vídeos: Andreia Carvalho

10 visualizações0 comentário
  • aroundskorea


A 120km a este da Coreia do Sul, a Ilha Ulleungdo é a sétima maior ilha do país. Esta ilha de origem vulcânica consiste em 44 ilhotas de tamanhos variados, cobrindo uma área de aproximadamente 73km2. Caracterizada pelas suas falésias, é frequentemente visitada pelos aficionados de escalada. A esta ilha que contabiliza cerca de 10 mil habitantes, chegam frequentemente visitantes cujo objetivo é chegar a Dokdo, visto que, como referido no artigo anterior, é a única forma de aceder à ilha disputada.



Para aquigar, existem várias opções, para já limitadas a travessias de barco, a partir de várias cidades como, Pohang, Hupo, Mukho ou Gangneung. Está prevista a construção de um aeroporto no futuro, ainda sem data anunciada. E é esperado que o aeroporto traga mais turistas à ilha, visto que as travessias de barco são tumultuosas e muitas vezes interrompidas devido ao estado do tempo e do mar.


Para referência, a travessia entre Hupo e Ulleungdo tem o custo de 60.000 won (bilhete normal, sem descontos), que equivale a 43.65€. A tabela de preços está na galeria acima, onde podem também ver o ferry que realiza a travessia.


Esta travessia demora aproximadamente 3 horas. Tempo que pode ser estendido caso o mar decida não cooperar. Como aconteceu connosco. A viagem demorou 5 horas, e foi muito tumultuosa, ao som de um coro de vómito. Mesmo assim, tivemos sorte! O barco que saiu de Pohang à mesma hora que o nosso foi forçado a voltar para trás devido às ferocidade do mar.


Esta viagem respondeu uma das minhas perguntas. Não conhecia nenhum coreano que tivesse visitado Dokdo, e perguntava-me porquê. Mas depois da pior viagem da minha vida percebi que, para além de um bom estômago (e uns patches para o enjoo), tudo está dependente do estado do tempo e do mar.


Apesar de o tempo estar apenas encoberto, a viagem a Dokdo marcada para o mesmo dia foi adiada. Quem iria imaginar mais 5h num barco? Pois... A chuva intensa dos dias seguintes não nos permitiu fazer muita coisa, mas mesmo assim foi incrível!


No primeiro dia fomos visitar o Museu de Dokdo. Associado ao museu existe um cable car, que nos leva ao topo de uma montanha. Se o tempo permitir, dessa montanha podemos avistar Dokdo. Mas o tempo não estava grande coisa, não conseguimos ver Dokdo. Mas deixo-vos a galeria de fotos do primeiro dia :D



No segundo dia tinham planeado duas actividades. Uma das actividades era aquática, enquanto outros iriam fazer uma walking tour pela ilha, tendo esta última sido cancelada devido ao tempo. Como a chuva teimava em não parar, passeamos pela ilha de autocarro, parando em alguns pontos famosos para tirar fotografias. O almoço foi muito tradicional - bibimbap de vegetais selvagens. Seguiu-se uma breve paragem pela Nari basin, um local com casas tradicionais. Digo breve pois fomos escorraçados pela chuva! Mas apesar da chuva, ainda podemos divertir-nos nos desportos aquáticos!


*curiosidade: A ilha na primeira fotografia chama-se Jukdo (Ilha do Bambu), e o nome provém da produção de bambu. É habitada por um casal apenas, que está responsável pela plantação de bambu.


Nari Basin e bibimbap de vegetais selvagens.



No final do dia, os nossos planos eram ainda uma incerteza. De acordo com o plano original, deveríamos regressar no dia seguinte. Mesmo sem termos visitado Dokdo. Mas, por obra do destino, não haviam barcos para voltar ao continente. Todos os barcos estavam lotados e fomos obrigados a ficar mais um dia em Ulleungdo.


Mas nem todos os imprevistos são negativos. Por acordamos com o dia mais bonito que já vi na Coreia. Um tempo maravilhoso! Mar super calmo. E finalmente tivemos oportunidade de ir a Dokdo.


Deixo uma últimas fotos de Ulleungdo. Sobre Dokdo, ficarão a saber mais na última parte da trilogia.



Curiosidades: Esta ilha não tem cobras, mas tem gaivotas em abundância. Como chove e neva muito na região, água também abunda na ilha. Por fim, deixo-vos as mascotes da ilha, representantes dos produtos mais comercializados localmente: lulas e abóboras.



Autoria: Andreia Carvalho

Fotografia: Andreia Carvalho (sem filtros ou edições)

Mapa e fotografia das mascotes: retiradas do Google



5 visualizações0 comentário
  • aroundskorea

Atualizado: 1 de set. de 2021

Ilhas Desertas. Com certeza que este nome não é estranho aos portugueses, como parte integrante do arquipélago da Madeira. Apesar de serem apenas formações rochosas, aumentam a nossa Zona Económica Exclusiva, e são por isso alvo de controvérsia com a nossa vizinha Espanha.


A 11,587 km de distância das Ilhas Desertas, na costa leste da Coreia do Sul há também uma formação constituída por várias ilhotas, de seu nome Dokdo. Com uma área de 187,554km², Dokdo é um dos assuntos sensíveis que tem dificultado as relações bilaterais entre a Coreia e o Japão.


Dokdo surge pela primeira vez nos registos históricos coreanos “Samguk Sagi” (História dos Três Reinos). Nesta compilação publicada em 1145, é relatado que o General Isabu conquistou Usanguk ao 13º ano do reinado do Rei Jijeung de Silla (512 DC), e os historiadores coreanos acreditam que Usanguk se refere a Ulleungdo e Dokdo. Referências subsequentes sobre Dokdo podem ser encontradas nos Anais da Dinastia Joseon, uma valiosa herança histórica na Coreia.



Nos Anais do Rei Taejong, pode ler-se que a ilha contava 86 residentes, posteriormente enviados para o continente em 1417. Usando (Ilha Usan) é também mencionada durante o reinado do rei Sejong em 1432. O governo coreano defende que Usando é o nome dado na época a Dokdo, enquanto o Japão, que disputa este território com a Coreia, interpreta os documentos de forma diferente, argumentando que os registos dos Anais da Dinastia Joseon são limitados a Ulleungdo, não incluindo Dokdo. Dokdo aparece posteriormente nos registros históricos japoneses em meados do século XVII.


Recentemente, um mapa exibido em Espanha, mostra Dokdo como parte integrante do território coreano. O geógrafo francês Jean-Baptiste Bourguigno d'Anville, que em 1737 criou um atlas do Império Qin (China), identificou Dokdo e Ulleungdo como parte do Reino Joseon (Coreia), no mapa que denominou "Reino da Coreia". Na mais recente visita de estado a Espanha, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, teve a oportunidade de observar o mapa, que vem reforçar a posição do governo coreano quanto à soberania da ilha.


À medida que mais provas surgem, é cada vez mais claro que Dokdo faz parte do território coreano e, embora a Coreia tenha controlo sobre o território, o Japão continua a desafiar a sua soberania. Atualmente, a única forma de entrar em Dokdo é por barco, a partir da ilha Ulleungdo. Esta é também a única forma de entrada para os japoneses, visto que é a Coreia quem exerce controlo efetivo sobre as ilhas.



Nas Olimpíadas de Pyeongchang 2018, a Coreia do Sul e a Coreia do Norte entraram juntas no estádio envergando uma bandeira pela paz, representante da Península Coreana. Nessa bandeira, a ilha Dokdo não estava incluída. O governo japonês protestou contra a bandeira junto do COI. Perante tais protestos, o COI recomendou que Dokdo fosse removida, alegando que assuntos políticos não devem fazer parte da competição desportiva. Consequentemente, as Coreias decidiram remover Dokdo da bandeira da Península Coreana.


Três anos depois, o Japão marcou Dokdo como parte do seu território no website do Comité Organizador dos Jogos Olímpico de Tóquio 2021. No entanto, o site nunca foi modificado, mesmo depois dos protestos do governo coreano.


Muitos dos leitores deste artigo talvez considerem Dokdo como território japonês, já que o Japão emergiu como terceira maior economia mundial e tem uma influência cultural considerável. O Japão colonizou a Coreia de 1910 a 1945. E embora sejam contabilizados 70 anos desde a independência após a Segunda Guerra Mundial, os coreanos não esqueceram o sofrimento da era colonial. Isso ocorre porque o Japão nunca demonstrou qualquer reflexão sicnera sobre os acontecimentos passados. Os coreanos entendem a reivindicação de Dokdo pelos japoneses como uma extensão do domínio colonial do passado. Contudo, a influência da Coreia tem vindo a aumentar. O K-Pop e a onda Hallyu têm conquistado cada vez mais fãs, e o país tem visto o seu poder aumentar a cada dia.



Espero que, por meio deste artigo, os leitores sintam curiosade e sejam capazes de entender adequadamente os argumentos da Coreia do Sul e do Japão, por forma a apoiar Dokdo nesta batalha que dura há anos.


Em vários mapas, Dokdo pode ser encontrado por três nomes: Dokdo, Takeshima e Liancourt Rocks. Se pesquisar por Dokdo no mapa (Google Maps), provavelmente encontrará a ilha como Liancourt Rocks (Rochas Liancourt). Este é o nome neutro usado pelos países que não apoiam a posição da Coreia ou Japão. E, tal como nós, portugueses, defendemos o nosso território, os coreanos têm lutado pelo território que foi roubado desde o domínio colonial. É hora de reconhecer que Dokdo é território coreano e denominar a ilha com o nome correto.



Ter a oportunidade de visitar a Dokdo, através do programa 2021 Global Dokdo Reporter, foi uma experiência inesquecível. Visitar Dokdo é uma oportunidade muito rara que a maioria dos meus amigos coreanos nunca teve. Senti um certo orgulho, mas ao mesmo tempo responsalibidade. Como repórter voluntária da Embaixada da Coreia em Portugal, tenho partilhado conteúdo cultural e histórico com os portugueses. Mais do que K-Pop e dramas coreanos, a Coreia do Sul tem uma história incrível de luta contra todas as adversidades. E da mesma forma que apoiamos os ídolos e a cultura, está na hora de apoiar também a luta por Dokdo, mesmo que estejamos a mais de 10.000 quilómetros de distância.





Este artigo foi o vencedor da edição de 2021 Global Dokdo Reporter, organizada pelo foverno da província de Gyeongsangbuk-do e pelo jornal Naeil Shinmun.


Autoria de: Andreia Carvalho

Fotografia de: Andreia Carvalho


24 visualizações0 comentário
bottom of page