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"Minari", um nome a não esquecer


Talvez seja a primeira vez que ouvem ou lêem esta palavra. Talvez já tenham lido notícias sobre o assunto. Mas se ainda não assistiram ao filme que dará conteúdo a este artigo, recomendo a que o façam o quanto antes. Não se vão arrepender, prometo.


Numa época marcada por uma pandemia mundial e pelo aumento dos casos de racismo e discriminação em vários países, “Minari” vem transmitir uma mensagem importante ao mundo.

Minari conta a história de uma família sul coreana que, em 1983, parte em busca do sonho americano. A família passa por várias dificuldades, mas a determinação do pai em produzir vegetais coreanos, leva a família a assentar numa quinta em Arkansas, depois de uma passagem pela Califórnia. Os desafios intensificam-se e, com ambos os pais a trabalhar, a avó é então convidada a mudar-se com a família. As crianças parecem não aceitar a “imagem” da avó. Principalmente o filho mais novo, que chega a pregar algumas partidas à avó por ter de dividir o quarto com ela contra a sua vontade. Contudo, a avó não desiste, e não só se aproxima do neto, como também o ajuda a melhorar de um problema de saúde. É com a avó que o jovem David aprende o que é minari, e a importância da famíla. Infelizmente, a avó sofre um enfarte durante a noite que lhe condiciona os movimentos e a fala. E, apesar de possíveis boas notícias quase no final do enredo, um incêndio deita por terra todas as esperanças da família. O filme termina com a avó a observar os 4 a dormir abraçados, juntos e unidos, independentemente de todas as dificuldades que enfrentaram.


O realizador, Lee Isaac Chung, explicou durante uma entrevista que "minari significa amor pela família. A planta tem uma vitalidade e uma adaptabilidade que me faz lembrar a minha família." E foi na sua própria história que o realizador baseou toda a realização do filme, um feito que lhe valeu uma nomeação para o Oscar de melhor realizador.

O filme tem sido assistido e elogiado numa época em que o mundo testemunha um aumento de crimes raciais, ultimamente estupidamente direcionado a pessoas de países asiáticos (ou com aparência de). Num momento em que é preciso consciencializar a sociedade sobre as dificuldades que os imigrantes enfrentam na busca de melhores condições de vida noutros países, Minari vem tocar os corações dos espectadores na esperança de mostrar que, nesta era global, o nosso espaço não se limita ao nosso país. Todos nós temos a nossa história, as nossas dificuldades, e o racismo não é a solução.


Minari tem sido muito bem recebido em todo o mundo. As classificações em vários websites da área são muito positivas, e vários críticos têm tecido elogios a vários elementos do filme, desde a realização à prestação dos atores. Mas “não só de elogios se fazem os bons filmes”. Minari tem recebido vários prémios e distinções em vários festivais de cinema. Destacam-se o prémio de “Melhor Filme em Língua Estrangeira”, as 13 distinções de Youn Yuh-Jung como “Melhor atriz secundária” e 8 distinções de Lee Isaac Chung em várias categorias.

Graças à calorosa receção do filme, este foi nomeado para 6 categorias dos Prémios da Acedmia, comummente designados como Oscars. Melhor Filme, Melhor Actor Principal, Melhor Director/Realizador, Melhor Actriz Secundária, Melhor Argumento Original e Melhor Banda sonora. Nesta edição que terminou há umas horas, apenas Youn Yuh-Jung levou para casa o Oscar de Mlhor Atriz Secundária. Um feito que fica para a história, como a primeira atriz coreana a receber um Oscar.

A simplicidade do filme foi algo que me surpreendeu. Contudo, o facto de ser simples não lhe tira o mérito de ser inspirador. Valores como família, solidariedade, determinação e esperança estão bem presentes desde o primeiro ao último segundo do filme. Além disso toca também elementos como o racismo, e o choque cultural que as famílias têm de enfrentar quando partem para outros países. O filme tem alguns momentos importantes, e vários significados nas entrelinhas. Mas é como ver o mundo pelos olhos puros de uma criança, viver é aprender e crescer, como minari, em qualquer solo, independentemente das adversidades.

Para mim, este filme tem um significado ainda mais profundo. Sair do nosso país nem sempre é uma escolha baseada no desejo de aventura, muitas vezes é a busca por uma vida melhor. Mas é também o constante desafio de estar fora do nosso habitat natural, da nossa zona de conforto. O medo constante de que tudo pode correr mal, e connosco trazer complicações aos nossos. Por muito que nos habituemos, casa é sempre casa, não importa quantos anos passem. E principalmente com a situação da pandemia, que impossibilitou o meu regresso durante as férias, a imagem de casa é uma memória cada vez mais longínqua, que não é esquecida graças às constantes de quem deixei para trás. Na altura retratada no filme, esse luxo não existia, pelo que não me deveria queixar. A família é o que nos move ou demove. E eu acabei o filme com imensas saudades da minha.


Assistam ao filme e partilhem connosco o que acharam!


Artigo de: Andreia Carvalho

Imagens: retiradas de várias fontes online

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